Plínio de Arruda Sampaio Jr.1
Introdução
A crise geral do capitalismo criou um novo marco histórico. O objetivo deste artigo é determinar o impacto desta nova situação sobre as economias latino-americanas, dando destaque aos países com maior grau de desenvolvimento das forças produtivas. Para tanto, discutiremos a natureza da crise recente e seus mecanismos de propagação à periferia latinoamericana. Pela comparação dos efeitos da crise recente com os efeitos da crise que desarticulou a divisão internacional do trabalho na primeira metade do século XX, caracterizaremos a especificidade da conjuntura atual, a fim de definir os desafios a serem enfrentados pelas sociedades latinoamericanas. A hipótese subjacente é que, diferentemente do que ocorreu na crise dos anos 1930, quando o isolamento dos fluxos de comércio e capital acabou permitindo que as economias mais desenvolvidas da região impulsionassem um processo de industrialização por substituição de importações, o novo marco histórico deve intensificar o processo de reversão neocolonial que afeta todas as dimensões da vida latino-americana, impactando de forma particularmente regressiva as economias com maior grau de desenvolvimento. Por fim, mostraremos que os problemas econômicos e sociais da região dificilmente serão resolvidos no âmbito das economias nacionais, o que coloca a urgência de uma nova agenda econômica e política que redefina os parâmetros que devem orientar a estratégia de desenvolvimento econômico e a política de integração dos países latino-americanos. Chega-se, assim, à conclusão de que, ao aprofundar e generalizar a relação entre capitalismo e barbárie, o novo contexto histórico repõe a urgência da luta pelo socialismo.
1. Plínio de Arruda Sampaio Jr. é professor do Instituto de Economia da UNICAMP, março de 2008. Agradeço a cuidadosa revisão do texto feita por minha amiga Marlene Petros Angelides.
A íntegra deste artigo encontra-se no Site da Regional: http://sites.google.com/site/seperegionaliv/artigos-e-textos-1
sábado, 10 de outubro de 2009
Capitalismo do século XXI
Por Plínio de Arruda Sampaio Jr. (1)
Para quem está preocupado em encontrar soluções concretas para os problemas gerados pela crise econômica mundial, o detalhado exame das duas grandes depressões do capitalismo, assunto do novo trabalho do professor Osvaldo Coggiola, pode parecer um exercício extemporâneo. E, no entanto, nada pode ser mais equivocado. É o resgate da perspectiva histórica que nos permite compreender os condicionantes estruturais por trás das grandes turbulências que de tempos em tempos abalam a sociedade capitalista. Este é o principal valor de “As ‘Grandes Depressões’ (1873-1896 e 1929-1939) – Fundamentos econômicos, conseqüências geopolíticas e lições para o presente”. Ao recuperar a importância crucial do materialismo histórico como base metodológica para pensar o caráter sui generis do movimento histórico, Coggiola estabelece as bases para o entendimento da crise econômica geral como uma totalidade concreta, colocando em evidência a relação dialética entre os processos determinantes da crise econômica e os determinantes objetivos e subjetivos que condicionam a luta de classes.
É esta perspectiva metodológica que lhe permite compreender o vínculo entre as mudanças desencadeadas pela grande depressão de 1873-1896 e a transformação do capitalismo concorrencial em capitalismo monopolista, inaugurando uma nova etapa histórica: o imperialismo, o capitalismo em seu clímax, um padrão de desenvolvimento capitalista que amadurece as condições históricas para a revolução socialista. É esta abordagem que lhe possibilita estabelecer os nexos históricos entre a grande depressão de 1929-1939 e o pesadelo dantesco do nazismo, a tragédia da guerra e a formação das bases econômicas e sociais do Estado de Bem-Estar, elementos fundamentais para o entendimento de transformações que mais tarde, na segunda metade do século XX, acabariam por levar à cristalização dos Estados Unidos como potência absoluta da economia mundial e a consolidação de um padrão de acumulação ultraliberal - as duas características determinantes da etapa superior do imperialismo - o capitalismo de nosso tempo.
Neste prólogo, que tem por objetivo colocar em evidência a conjuntura dramática que levou Coggiola a retomar o exame das grandes depressões, procuraremos ressaltar alguns aspectos da crise em curso que nos leva à conclusão de que a humanidade enfrenta a terceira grande depressão da era capitalista.
1. Plínio de Arruda Sampaio Jr., professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – IE/UNICAMP. Agosto de 2009
PRÓLOGO
<>, K. Marx
<<(...) o crédito acelera as erupções violentas dessas contradições, as crises, e, em consequência, os elementos dissolventes do antigo modo de produção>>, K. Marx
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<<(...) o crédito acelera as erupções violentas dessas contradições, as crises, e, em consequência, os elementos dissolventes do antigo modo de produção>>, K. Marx
Para quem está preocupado em encontrar soluções concretas para os problemas gerados pela crise econômica mundial, o detalhado exame das duas grandes depressões do capitalismo, assunto do novo trabalho do professor Osvaldo Coggiola, pode parecer um exercício extemporâneo. E, no entanto, nada pode ser mais equivocado. É o resgate da perspectiva histórica que nos permite compreender os condicionantes estruturais por trás das grandes turbulências que de tempos em tempos abalam a sociedade capitalista. Este é o principal valor de “As ‘Grandes Depressões’ (1873-1896 e 1929-1939) – Fundamentos econômicos, conseqüências geopolíticas e lições para o presente”. Ao recuperar a importância crucial do materialismo histórico como base metodológica para pensar o caráter sui generis do movimento histórico, Coggiola estabelece as bases para o entendimento da crise econômica geral como uma totalidade concreta, colocando em evidência a relação dialética entre os processos determinantes da crise econômica e os determinantes objetivos e subjetivos que condicionam a luta de classes.
É esta perspectiva metodológica que lhe permite compreender o vínculo entre as mudanças desencadeadas pela grande depressão de 1873-1896 e a transformação do capitalismo concorrencial em capitalismo monopolista, inaugurando uma nova etapa histórica: o imperialismo, o capitalismo em seu clímax, um padrão de desenvolvimento capitalista que amadurece as condições históricas para a revolução socialista. É esta abordagem que lhe possibilita estabelecer os nexos históricos entre a grande depressão de 1929-1939 e o pesadelo dantesco do nazismo, a tragédia da guerra e a formação das bases econômicas e sociais do Estado de Bem-Estar, elementos fundamentais para o entendimento de transformações que mais tarde, na segunda metade do século XX, acabariam por levar à cristalização dos Estados Unidos como potência absoluta da economia mundial e a consolidação de um padrão de acumulação ultraliberal - as duas características determinantes da etapa superior do imperialismo - o capitalismo de nosso tempo.
Neste prólogo, que tem por objetivo colocar em evidência a conjuntura dramática que levou Coggiola a retomar o exame das grandes depressões, procuraremos ressaltar alguns aspectos da crise em curso que nos leva à conclusão de que a humanidade enfrenta a terceira grande depressão da era capitalista.
1. Plínio de Arruda Sampaio Jr., professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – IE/UNICAMP. Agosto de 2009
A íntegra deste artigo encontra-se no Site da Regional: http://sites.google.com/site/seperegionaliv/artigos-e-textos-1
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