O anúncio nesta sexta, pelo Jornal Extra, da volta da aprovação automática disfarçada de uma prova que os alunos que tiveram média global I (insuficiente) durante o ano letivo terão que fazer em março de 2010 recebeu condenção unânime dos leitores do jornal. A edição eletrônica do Extra (http://extra.globo.com/geral/casosdecidade/#245029) já publicou a nota do Sepe denunciando o estelionato eleitoral do prefeito, que jurou na campanha eleitoral que o seu primeiro ato depois de eleito seria acabar com a aprovação automática (o que ele realmente fez, em janeiro). Na parte do comentário dos leitores sobre as medidas anunciadas hoje e que significam a volta da aprovação automática, Eduardo Paes e Cláudia Costin foram reprovados de forma unânime pelos leitores do jornal, que se sentiram enganados por este prefeito que não tem qualquer tipo de compromisso com a educação pública de qualidade.
Ao lançar uma resolução que mascara uma forma de aprovação automática na rede municipal logo no final do ano letivo, a secretária Cláudia Costin trouxe de volta o pesadelo de profissionais de educação e responsáveis. Depois de muita luta, a categoria e o conjunto da sociedade conseguiram afastar o fantasma do fim da reprovação nas escolas municipais. Mas agora, uma nova fórmula criada pela SME a mando do prefeito Eduardo Paes, depois da repercussão negativa do anúncio da volta da aprovação automática na última semana, desrespeita dinda mais os profissionais e alunos.
Com a nova medida, um aluno avaliado com I em Língua Portuguesa, Matemática, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação Física, poderá ser aprovado a partir de uma única prova de múltipla escolha, aplicada por outro professor que não conhece o aluno, durante as férias escolares.
Como a nota deste professor pode passar por cima do conceito do professor regente que, durante o ano inteiro:
- aplicou e corrigiu pelo menos três provas vindas do governo;
- aplicou, no mínimo, quatro provas ou testes durante o ano;
- preencheu seguramente mais de 30 relatórios por bimestre sobre o desenvolvimento dos seus alunos;
- fez inúmeras discussões pedagógicas com o grupo da escola em COCS e reuniões sobre os alunos.
O Sepe vai exigir esclarecimentos da secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, e do prefeito Eduardo Paes sobre o anúncio da medida que visa retardar ou reverter a reprovação dos alunos das escolas municipais no Rio. Segundo Cláudia Costin, o estudante que tirar conceito global (média de todas a disciplinas) Insuficiente (I) receberá uma “segunda chance” em março de 2010: ele só será reprovado se for mal em uma nova prova que será aplicada no início do ano letivo. Para o sindicato, tal medida contraria totalmente as promessas do prefeito Eduardo Paes, durante toda a campanha eleitoral de 2008, de acabar com a aprovação automática na rede municipal.
Em janeiro deste ano, Paes chegou a publicar uma resolução no Diário Oficial do município decretando o fim da aprovação automática, medida polêmica, adotada na gestão do ex-prefeito César Maia e que provocou protestos dos profissionais de educação, responsáveis e demais integrantes da sociedade que chegaram a reunir mais de cinco mil pessoas num protesto na porta da prefeitura em 2007.
Para o Sepe, o anúncio da secretária Cláudia Costin é uma tentativa do governo municipal de aumentar os índices de aprovação na rede, já que os resultados dos exames do último “Provão” das escolas municipais (testes bimestrais implementados desde o segundo bimestre do ano para avaliar o desempenho dos alunos) apresentaram uma baixa nos índices das notas de Português e Matemática nos alunos do 4º, 7º e 8º anos em comparação com os exames anteriores. Tal resultado aumenta os risco de aumento nas reprovações de alunos, o que pode implicar na redução de investimentos federais na educação municipal.
Não existem outros termos para explicar o que Paes e Cláudia Costin fizeram: Eles mentiram para a categoria e para o povo do Rio de Janeiro
Paes e Costin não vão conseguir mascarar a quebra de compromisso com toda a sociedade do Rio de Janeiro, pois uma das pedras fundamentais da campanha do atual prefeito foi o fim da aprovação automática na rede municipal, tema de debates eleitorais e incontáveis propagandas políticas, quando o então candidato chamava a aprovação automática de César Maia de "vergonha". Agora, eles querem com um prova no início do ano letivo jogar para o alto todo o processo educativo dos nossos alunos: como aqueles que apresentarem conceito insuficiente ao longo do ano vão poder "recuperar" o tempo perdido em apenas uma prova?
Fica claro o caráter político que se mascara por tás desta "reviravolta" promovida pelo prefeito e pela secretária de Educação. Infelizmente, mais uma vez os interesses políticos atropelam o interesse de promover uma educação de qualidade para mais de 750 mil estudantes da rede municipal.
O sindicato já registrou um aumento da insatisfação dos profissionais em várias escolas da rede municipal com o anúncio desta aprovação automática disfarçada. Em 2006, ano em que o ex-prefeito César Maia lançou a resolução que decretava o fim das reprovações na rede, a categoria realizou diversas paralisações e protestos, juntamente com alunos e responsáveis, contra a medida que prejudica o desenvolvimento pedagógico dos cerca de 750 mil alunos matriculados nas 1.060 escolas municipais do Rio, a maior rede municipal da América Latina.
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