Veja abaixo o texto da professora
Leila Soares, diretora da Escola Municipal João Kopke, que foi agredida por um
aluno da unidade na última sexta-feira. O texto foi postado no facebook e teve
alguns trechos reproduzidos em reportagens nos jornais de hoje. O fato teve
ampla repercussão na imprensa e o Sepe se colocou à disposição da colega para o
que for necessário:
A diretora agredida da
João Kopke:
Leila Soares
Quantas vezes nos
indignamos quando sabemos de casos de agressões a colegas, profissionais como
nós.
Mas não nos indignamos
o suficiente por acharmos que ainda está muito distante...
De repente, chega a
nós.
O corpo dói. Mas a dor
vai passando com gelo, analgésico, remédios...
O coração, este fica
tão apertado que parece que sobra espaço em torno dele de tão pequeno. Este
espaço é preenchido com dor. Que não tem remédio.
A alma fica
endurecida. Parece que sai do nosso corpo...
A pele dói. O sangue
circula doendo. Os membros movem-se doendo.
Perdemos o chão. Não
temos onde nos agarrar.
Só o carinho dos
amigos (conhecidos ou não) é que nos conforta.
Sofremos nós, nossos
parentes, nossos amigos, nossos companheiros.
Sofre uma sociedade
inteira que vive temerosa porque não temos quem nos proteja.
O agressor sai de
cabeça erguida, olhando para trás e rindo.
Não só do agredido,
mas de cada um de nós.
Ri daquele que foi
empurrado, xingado, ameaçado, chutado, socado.
Ri daquele que o tirou
e tentou mostrá-lo o erro.
Ri do erro...
Ri de quem não deveria
mais permitir o erro.
Ri da sociedade que
fica refém enquanto ele continuará empurrando, xingando, ameaçando, chutando,
socando...
Ri do sangue que
escorreu, do rosto que machucou, da alma que feriu.
Apenas sai, impune, e
olha para trás, e ri.
Para mais adiante
deixar refém mais muitos.
Quem somos nós,
Educadores?
Pois eu sei quem somos
nós:
Somos aqueles de quem
ri o que sai impune, olhando para trás e rindo.
Será que serei só mais
uma?
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