terça-feira, 6 de julho de 2010

Nota do Sepe sobre violência nas escolas da rede municipal do Rio:

Mais um caso de agressão em escola municipal do Rio.

Com relação à ocorrência de mais um caso de agressão a um profissional de educação dentro do espaço escolar, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação vem através desta nota esclarecer sua posição sobre o problema da violência nas escolas. Desta vez, a vtítima foi a professora Eliana Lopes, que teve um dedo da mão quebrado após a agressão de um aluno dentro da sala de aula. A professora, que tem mais de 40 anos de magistério, registrou queixa na 6a DP (Cidade Nova) e o caso ocorreu no dia 10 de junho passado. O Sepe esteve presente à delegacia, acompanhando a professora e já enviou um ofício à SME solicitando providências e denunciando as condições de trabalho na rede municipal do Rio como um dos principais fatores para que casos como este já sejam uma rotina nas unidades municipais, se agravando a cada dia.

Só neste ano, pelo menos um caso grave a cada mês vem sendo divulgado por nossos meios de comunicação. Outros tantos não são divulgados. Existem casos em que as direções, por ameaças das CREs escondem o problema do próprio grupo da escola, quando um profissional é atingido pela violência. Ele acaba por ser afastado da escola, ou fica em licença médica.

Nós do sindicato temos a certeza que se as providências necessárias não forem tomadas por parte desta secretaria, caminharemos para índices cada vez mais alarmantes e casos mais graves, como vem acontecendo em outros estados e municípios. Em São Paulo, por exemplo já aconteceram assassinatos em sala de aula.

Os profissionais de educação não conseguem mais conviver com tamanha insegurança.

A falta de profissionais nas escolas e o número excessivo de alunos vem agravando muito esta situação. Muitas escolas e salas de aula transformaram-se em barris de pólvora.

Pela falta de profissionais, algumas unidades escolares suspenderam, por exemplo o horário de recreio por não haver profissionais que orientem os alunos nestes horários.

As salas viraram verdadeiros cárceres, onde o aluno para ir ao banheiro ou beber água, apenas um por sala, precisa pegar um crachá para que haja controle do quantitativo de alunos nos corredores e banheiros já que não há pessoal suficiente para o controle. Num clima como este, não nos parece surpresa que os alunos tenham uma reação negativa e que o profissional fique a mercê da própria sorte.

Tudo isto aliado a fatores também geradores de indisciplina como as dificuldades do aluno em acompanhar os conteúdos das disciplinas, ou problemas psíquicos, não tem tido resposta positiva por parte da prefeitura.

Não é dado às escolas por exemplo, profissionais que possam fazer este acompanhamento psíquico ou pedagógico. Funções como a supervisão ou a orientação pedagógica, são funções extintas em nossa rede. Ao mesmo tempo que o atendimento de saúde público não dá contas dos inúmeros problemas de nossos alunos. A presença de um serviço especializado de psicólogos e assistentes sociais, também se faz essencial, nos dias de hoje. As condições de vida de nossos alunos é refletida dentro das escolas. Muitas vezes lidamos com estudantes que além da má condição social, expressa também distúrbios psíquicos e dificuldades variadas o que interfere no seu aprendizado.

O programa que a secretária apresenta como solução, chamado “Proinape” é insuficiente para o atendimento verdadeiro de nossos alunos. A rede de profissionais nem conhece este programa.

Não é verdade que três psicólogos para um número de mais de 200 escolas possa dar conta dos problemas que afligem nossa realidade escolar.

O atendimento de profissionais psicólogos e assistentes sociais precisa ser diário e contínuo, já que o número de alunos é muito grande.

Outro fator preponderante para este tema é o da desvalorização dos profissionais de educação.

É preciso que a secretaria reconheça através de ações, a importância de nossos profissionais e a sua necessária formação. Não é possível que continuem substituindo nosso trabalho por pessoas leigas como oficineiros, voluntários, estagiários (lembrando que o estagiário está em fase de aprendizagem e deve fazer observações e não substituição do professor).

A educação para ser valorizada precisa de profissionais concursados, com estabilidade para que estabeleça vínculos e compromisso com nossas escolas. Se o governo não respeita ou valoriza o profissional, quem o fará?

A valorização profissional passa também pela valorização salarial e o plano de carreira digno. Hoje, não temos reajustes anuais de acordo com a inflação, e muito menos aumento real de salário.

O sindicato está enviando um ofício para a secretária onde cobra medidas para a resolução do problema, além de anexar mais este caso ao dossiê da violência que já está no Ministério Público.

A professora Eliana Lopes, junto com o sindicato, processará a prefeitura por danos morais e materiais. No início deste ano o sindicato ganhou ação para uma professora que foi agredida por uma mãe de aluno em 2005.

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