sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Poemas

Por Antonio Francisco da Silva*


Buggy: A propósito do uso inadequado de praias e dunas nordestinas, onde veículos circulam em detrimento da tranquilidade e integridade dos usuários em geral: Como pode nossas dunas/ Ocupadas por quem se arruma/ Do que é público e notório?/ Em conversa sem borduna/ Façam com que o buggy suma/ Pois que ele é predatório.// E também saia da praia/ Todo aquele que ensaia/ Como em peça de teatro./ Parem com essa gandaia/ E coloquem justa saia/ Nesse tal quatro por quatro.// Para que um quadriciclo?/ Na dúvida, eu logo clico/ E de pronto, então deleto./ Gaiatice só no circo/ Do contrário, pagam mico/ Pai, avô, filho e neto.// E, assim, que se retome/ A tranqüilidade em nome/ Da beleza enluarada./ Tem nome e sobrenome/ Todo olhar quando consome/ A visão de uma jangada.


Adulterações: Gente minha, há crianças / Sendo usadas por brinquedos!/ Depois que o tempo avança/ Ficam adultos sem enredo.// Se passeios estão na moda/ Novidades, contem agora./ Venham e entrem nessa roda/ De jogar conversa fora.// Reduzam televisivos/ E joguinhos nada idôneos./ Fiquem mais reflexivos/ A favor de seus neurônios.// Façam um jogo de bola/ Ou pratiquem natação./ Haja muita, muita, escola/ A favor da formação.// Parem desse big brother/ Que chega e aliena./ Nada de útil aborda/ Só faz tudo que apequena.// À criança se absolve/ Mas não cabe haver indulto/ Para quem não se resolve/ Como responsável adulto.

Agiotagem: Não é mera cortesia / Quando suas senhorias/ Vão pingando pouco a pouco./ Quem campanha financia/ No bojo da hipocrisia/ Vai querer depois o troco.// Fosse o financiamento/ Público, sem tais elementos/ Conspurcando a lisura/ Outro desenvolvimento/ Não daria provimento/ A qualquer das imposturas.// Econômica ou financeira/ Ou política eleitoreira/ Que se lacre essa pasta./ Seja sem eira nem beira/ Ou quem vem da sementeira/ Das alcovas de uma casta.// O poder não é negócio/ Para um grupo de sócios/ Fazê-lo compartilhado./ Eleitor saia do ócio/ Repudie o beócio / Que faz público de privado.// Se houvesse a descoberta/ De tudo que se acerta/ Sob o peso da moeda.../ A verdade sendo aberta/ Cidadão que fosse alerta/ Lutaria pela queda.// Basta de agiotagem/ Mão dupla de uma viagem/ Para o povo, sem retorno./ Já passa de molecagem/ Toda essa malandragem/ De cabeças com adorno.

Maioria Escandalosa: O escândalo do Arruda/ É mais um pra coleção./ O seguinte sempre ajuda/Esquecer outro vilão.// Vejam que depois do impeachment/ Veio a turma dos anões./ Orçamento foi o imã/ Para roubo de milhões.// Houve a tal da pasta rosa/ E também painel eletrônico./ Malvadezas pavorosas/ Desses meliantes crônicos.// Mensaleiros e mensalinas/ Fazem a Câmara de uma corja./ Severinos e severinas/ Quando assim, marque com forja.// E a turma do Senado/ Faz inveja ao capeta./ Por demais sempre agarrados/ Cada qual em sua teta.// Mas o chefe sem memória/ Diz que assina cheque em branco./ Diz, ainda, ter história/ Quem subiu pelo barranco.// Pra lembrar tem mais de vinte/ Nem carece de pesquisa./ Logo, logo, um seguinte/ Com alusão, chega e horroriza...// A verdade vem à tona/ Expondo turma ordinária./ E o golpismo aciona/ As forças reacionárias.// Aliás, delas que vem/ Maioria dos canalhas/ Eleitos como do bem./ Ai, do povo que trabalha!

Confraternização: Cada Réveillon que eu conto/ Cai uma folha de desconto/ Da árvore da minha vida./ Brindemos por enquanto/ Se pensar, eu fico tonto/ De um só cálice de bebida./ Brindemos a esperança/ Como aquela da infância/ De sonhos e fantasia./ Caleidoscópio que dança/ Como se numa festança/ De pares em alegria./ Uns aos outros, então, saudemos/ Só assim que manteremos/ Erguida a nossa taça./ Dálias, rosas, crisântemos/ Cada gota de sereno/ Ao jardim da nossa praça.


* Antonio Francisco da Silva é professor aposentado da rede estadual

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