Nos últimos dias, a mídia tem dado grande destaque a um episódio ocorrido entre um professor da Escola Municipal Cuba e uma aluna. O que mais nos chamou a atenção foi o caráter sensacionalista da matéria: um professor teria agredido uma aluna na sala de aula com um apagador. A imprensa, a nosso ver, segundo as próprias chamadas nos jornais e televisão, já teria antecipadamente julgado e condenado o professor como se criminoso fosse, um grande facínora. E aí nós perguntamos: qual deve ser o papel da imprensa? Para construirmos um país verdadeiramente democrático precisamos de uma imprensa que seja de fato livre. Livre para bem informar, ter um caráter investigativo, ser isenta, ter compromisso na criação de uma sociedade mais justa e denunciar as mazelas que existem num país como o Brasil. Infelizmente não é o que vemos ultimamente a grande imprensa, dita livre e “imparcial”, fazer. O que temos notícia é de uma imprensa que desinforma, mistifica, prejulga, aliena e que não tem interesse em de fato informar, mas vender jornal, atender aos interesses meramente mercantis. Produzir matérias que possam vender mais e mais jornais. Sem a preocupação em apurar os fatos, mas imputar crimes a pessoas e instituições.
Isto fica muito claro no episódio acima citado envolvendo o profissional de educação da Escola Municipal Cuba. E isto faz parte de todo um processo – que já vem de algum tempo – de criminalização do profissional de educação, em especial do professor, de culpabilização do mesmo por todos os problemas que existem na tão combalida educação em nosso país. A grande imprensa serve aos interesses dos poderosos e dos governos e de todos que tencionam acabar com a educação pública e tornar este direito sagrado para todo o cidadão brasileiro numa mera mercadoria que possa dar lucros. Não vemos da mesma imprensa a preocupação em retratar e denunciar as omissões e descasos das autoridades em relação à educação pública, do seu abandono, das condições de trabalho dos profissionais de educação, que estão entregues ao “deus-dará”, em sala hiperlotadas, sem um mínimo de infraestrutura para desenvolver um bom trabalho pedagógico, com salários aviltantes que levam o professor a uma pesada carga de trabalho semanal, e que leva a um esgotamento físico e psíquico, quando não à doença e à morte prematura. É mais fácil a essa imprensa e àqueles a quem ela serve responsabilizar o professor por carências que na verdade são estruturais e que passam longe de ser culpa do professor. A imprensa é formadora de opinião, e, neste sentido, o que vemos é um total descompromisso com a sociedade civil, de cobrar dos nossos governantes o cumprimento do dever do Estado para com a educação pública, de qualidade, laica e de caráter universal. Há que se ter mais responsabilidade na apresentação de fatos que podem afetar a imagem pública de pessoas e de instituições, como, por exemplo, acontece quando temos a cobertura de movimentos de greve dos profissionais de educação e de outras categorias profissionais que são apresentados como os culpados pelo estado de caos que tomou conta do serviço público. Serviço público, que atende principalmente às camadas mais humildes da população, que precisam mais dele, e que é cada vez mais sucateado pelas autoridades que vêm se sucedendo nos últimos anos. O que nós, profissionais de educação, exigimos e merecemos da sociedade e da imprensa que dela faz parte, é maior respeito pela figura do professor, pois sem ele não se poderá construir de fato soberana, independente, desenvolvida e verdadeiramente feliz para todos que dela fazem parte.
SEPE REGIONAL VII
Estrada do Galeão, 2715, sala, 205, Ilha do Governador
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