Manifesto dos Professores do Colégio Estadual Dom Pedro II
A paralisação dos professores do Colégio D. Pedro II é, primeiramente, a manifestação da indignação diante da construção social do papel do professor. Quem é o Profissional da Educação hoje? Como as políticas públicas o reconhecem? Que ideia fazem dele e o que transmitem à sociedade?
A reivindicação dos Profissionais da Educação não se reduz à questão salarial. Vai além: No discurso do Governo do Estado do Rio, os professores não são reconhecidos como intelectuais, não são tratados com a merecida importância que tem na sociedade. Considerados operários sem prestígio, meros cumpridores legalistas das exigências estatísticas, seres incapazes de pensar e de opinar, não são ouvidos sobre as políticas que orientam a Educação no Estado. O desprestígio é reforçado pelos baixos salários que revelam à população o valor atribuído à Educação, hipocritamente valorizada nas campanhas eleitorais e nas propostas dos partidos políticos.
Há uma culpabilização excessiva do Professor diante do insucesso da Educação no Estado, quando bem sabemos que são muitos os fatores estruturais que contribuem para tal resultado, como a carência na alimentação, a falta de democratização da cultura, uma mídia irresponsável, o capital cultural, a falta de acesso à saúde, as péssimas condições de moradia e transporte, a violência, as relações familiares difíceis, entre outros. O Professor age neste meio, transformando-o, edificando valores, prestando sua contribuição. Não é, no entanto o único responsável pela alteração da realidade exigente na qual vivemos. É preciso que todos compreendam seu lugar neste processo: O Estado, a Mídia, a Sociedade e a Família.
A Educação no Estado do Rio vem sendo um campo profícuo de projetos escusos que movimentam milhões sem ouvir as reais necessidades dos professores, beneficiando empresas de aliados políticos, mobilizando verbas federais. O que prova que há dinheiro para investimentos reais na Educação, há verba para garantir uma melhor valorização do Professor, mas prevalecem interesses particulares que acabam por desviá-los.
Vivemos o paradoxo da supervalorização da Educação, neste momento de crescimento do país, com a necessidade de profissionais bem formados que garantam um país mais justo e digno de todos, por um lado, e de outro, a desvalorização do Profissional da Educação. Essa contradição demonstra a compreensão equivocada do papel do Professor e da sua contribuição à sociedade. Não é ele o herói solitário que resolverá todos os problemas estruturais. É antes, o Profissional qualificado que pode contribuir para o fomento de mentes pensantes e comprometidas com o bem comum, capazes de atuar nas diversas ciências com competência. Mas, para que possa atuar em seu papel, precisa acreditar em si, sentir-se valorizado e respeitado. Um dos resultados das políticas públicas para a Educação tem sido o total desinteresse dos jovens pelas licenciaturas. Em tempos de megamilionários que nunca leram um livro e que não precisaram da escola para enriquecer, Professores, profissionais graduados e pós-graduados recebem os mais baixos salários propostos pelos governos. Não se trata de entrar na lógica do hiperconsumo que propaga uma felicidade comprável, trata-se de uma reflexão acerca do homem e do que realmente o realiza. O que é o conhecimento e qual o seu valor? Vamos continuar veiculando que apenas os corpos, os títulos e os carros valem na vida humana? O homem, capaz de conhecer e de produzir conhecimento, favorecendo a vida, as relações e sua realização plena, continuará desperdiçando-se em coisas que não o realizam????
Petrópolis, 14 de junho de 2011
o colégio pedro segundo NÃO É uma instituição estadual, e sim federal.
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