quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Escolas públicas estaduais paralisaram atividades hoje (21/09) em protesto contra o Saerjinho

Convocados pelo Sepe, profissionais das escolas públicas estaduais realizaram paralisação de 24 horas hoje, quarta-feira (21/09), dia da aplicação do Saerj (Sistema de Avaliação do Ensino) pela Secretaria Estadual de Educação (Seeduc). Esta avaliação pretende medir os conhecimentos dos alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e das três séries do Ensino Médio, mas não foi planejada pelos professores da rede estadual e não leva em consideração a realidade das escolas, que não têm uma estrutura mínima para o estudo.

Em vários colégios da rede houve protestos contra a aplicação da prova, como no CE Leopoldina da Silveira, em Bangu, onde metade dos alunos do turno da manhã, de um total de 300, não fez o Saerjinho. Já no Ciep 369, em Duque de Caxias, os alunos protestaram contra a avaliação, vestindo preto. A paralisação no CE Visconde de Cairu, no Méier, um dos maiores da rede, alcançou o índice de 100% no turno da manhã.

A direção do Sepe foi informada que a prova do Saerjinho foi aplicada ontem, dia 20, no município de Resende. Antes, portanto, da data oficial anunciada pela Seeduc, que seria hoje, dia 21. Esta antecipação em algumas escolas certamente é uma tentativa de minorar os efeitos da paralisação convocada pelo Sepe. Com isso, o sigilo da avaliação já está comprometido. Em julho, a Seeduc aplicou a prova durante três dias (quando deveria aplicar em apenas um dia a mesma prova), buscando, à época, evitar o boicote realizado pela categoria, que estava em plena greve. Também naquele momento o sigilo foi comprometido.

O Sepe não é contra qualquer avaliação que tenha por objetivo identificar problemas no processo de ensino para melhorar a qualidade da educação.O problema, para o sindicato, é que o Saerjinho é uma avaliação classificatória que pretende estabelecer salários diferentes de acordo com a produtividade de cada escola. Alem do mais, este sistema já deu errado em vários lugares, tais como Chile, EUA e no estado de São Paulo. E já deu errado aqui na própria Seeduc, com o Programa Nova Escola, que foi um tremendo fracasso.

As provas do Saerjinho fazem parte do Plano de Metas apresentado pela Seeduc e tem como um dos seus eixos a meritocracia. Isto significa que o resultado desta e de outras avaliações externas será utilizado para “premiar” ou “punir” professores e funcionários de acordo com o resultado das provas, estabelecendo uma lógica de remuneração variável. A educação é um direito de todos e dever do Estado. Estabelecer uma lógica produtivista na educação é esquecer que a escola não é uma fábrica, que a riqueza do processo educativo depende de muitas coisas além do esforço dos professores e funcionários, e que não haverá qualidade na educação enquanto as condições de trabalho forem tão ruins que levam ao abandono de mais de 20 professores por diacomo pesquisa do Sepe no Diário Oficial comprova.

Outra denúncia em relação ao Plano de Metas, é que a Seeduc pretende punir professores considerando até mesmo o número de alunas grávidas nas escolas. Assim, se o número de alunas grávidas em uma determinada escola aumenta, o salário do professor diminui. Essa é a lógica da meritocracia: tentar culpar o profissional da educação por tudo o que acontece na escola. Não boicotamos o Saerj para impedir um diagnóstico, pois nós profissionais da educação fazemos isso o tempo todo. Boicotamos o Saerj porque não podemos aceitar que a educação pública seja encarada como uma mercadoria vendida a preços diferentes dependendo das condições do “negócio”. Educação de qualidade é direito de todos!

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