Tendo em vista o incidente entre um professor e uma aluna na Escola Municipal Cuba, na Ilha do Governador, a direção do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) repudia qualquer ato de violência nas salas de aula. Chamamos a atenção, no entanto, para a grave crise na rede municipal de Educação do Rio, que sofre com a falta de investimentos e os baixos salários de seus profissionais.
Incidentes como este da E.M. Cuba vêm se repetindo de várias formas nos últimos anos. O nível de estresse dos profissionais que trabalham nas escolas municipais chegou a um ponto nunca visto em nossa categoria. O professor de uma escola municipal do Rio, no seu dia-a-dia de trabalho, convive com turmas superlotadas; se aflige com a falta de uma política pedagógica coerente por parte da SME, mudada a cada semestre sem uma discussão aprofundada com a comunidade escolar. Contribui também para a crise da educação municipal a falta crônica de estrutura das escolas e a terceirização dos serviços.
O quadro é ainda pior, se levarmos em conta o baixo piso salarial pago pela prefeitura: R$ 985,00. Para receber um salário digno, os professores têm que trabalhar em duas e não raro até três escolas por dia. A prova disso é que a SME, para maquiar a falta de professores na rede, permite que um professor não só exerça sua matrícula na escola de origem, como trabalhe em mais duas outras, fazendo o que a categoria chama de “dobradinhas”. Com isso, um professor chega a dar 60 horas semanais de aula para cerca de 500 alunos!
Tudo isso ocorre porque o prefeito Eduardo Paes, seguindo o prefeito anterior, diga-se de passagem, aplica na Educação apenas 19% das receitas, quando deveria aplicar, segundo a Lei Orgânica municipal, 35%. Assim, a falta de investimentos na Educação é a principal causa desses incidentes no dia-a-dia de nossas escolas, já que um professor que recebe um salário digno e tem boas condições de trabalho certamente terá uma relação muito melhor com a sua escola. O contrário, infelizmente, é o que ocorre em nossas escolas: uma categoria estressada, doente, desmotivada e pronta pra abandonar a profissão.
Cabe ao prefeito e à sua secretária de Educação mudar esse triste quadro.
SEPE RJ
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