A Regional VII do Sepe preparou o seguinte manifesto em repúdio ao SAERJ, também conhecido como Saerjinho. Veja o teor das críticas do sindicato a esta avaliação.
Manifestação de repúdio a uma política de desvalorização
do servidor público da educação deste Estado:
o caso do Saerjinho
do servidor público da educação deste Estado:
o caso do Saerjinho
O dia 13 de abril de 2011 entrou para a história de forma negativa para aqueles que buscam uma educação pública de qualidade, democrática e laica e que possa verdadeiramente atender às aspirações da comunidade fluminense. Nesta data, realizou-se nas escolas da rede estadual a primeira avaliação bimestral do Saerj versão 2011, mais conhecido pelo nome de “Saerjinho”, que visa estabelecer uma análise da performance dos discentes da rede em disciplinas como Língua Portuguesa e Matemática.
E sobre estas avaliações que têm um caráter de política nacional, não apenas estadual, e se estendendo por redes municipais pelo país afora, algumas palavras:
* nas escolas da rede estadual no dia 13 de abril, quando da aplicação do “Saerjinho”, inúmeros profissionais, movidos pela boa-fé em construir uma educação melhor para os seus alunos, se dedicaram de corpo e alma, não só na aplicação da prova, mas até na correção das mesmas e na preparação de seus respectivos gabaritos;
* isto sem receber qualquer contrapartida, em termos financeiros, pois se caracterizou como trabalho extra sem remuneração. Este trabalho extremamente desgastante e cansativo, ainda veio em péssima hora, num momento em que as escolas tinham realizado ou estavam realizando suas avaliações bimestrais, como consta do calendário da rede estadual.
* Mais uma sobrecarga de trabalho para os profissionais de educação, que tiveram que corrigir provas que não as suas, além de ter ferido a autonomia do profissional de educação que não foi consultado sobre a importância e significância de se realizar tais provas, mas apenas comunicado que deveria aplicá-las e corrigi-las, o que tornou o professor um mero executor de tarefas, como o operário de “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, totalmente alienado do seu trabalho e submisso à lógica produtivista e de exploração do trabalho pelo Capital.
No caso do profissional de educação do qual falamos, muitos não sabiam nem por que nem para que estavam trabalhando. O governo demonstra com isso que não confia nos seus profissionais, os mesmos que formam o corpo docente da rede estadual e que ingressaram por meio de concursos públicos e não pela “janela”. O fato de ingressarem mediante concursos públicos é mais uma prova da capacidade e da qualidade desses profissionais.
Profissionais da Rede Estadual, não se iludam os com a possibilidade de ganhar gratificações e abonos, 14º, 15º e 16º salários etc. Já sabemos muito bem que isto tira o foco da nossa luta por uma valorização salarial real, por um aumento substancial que nos permita trabalhar sem a necessidade de realizarmos horas extras para complementar nossa parca renda, o que compromete a qualidade das aulas ministradas devido ao desgaste provocado por uma longa jornada de trabalho estafante.
Na verdade, o que se pretende é uma categoria dividida pela presença de uma política meritocrática que só vem reforçar uma ideia de competitividade no seio dos profissionais de educação, impedindo, assim a unidade dos que verdadeiramente estão comprometidos em defender uma educação pública, de qualidade e para todos.
Em suma, o que o governo deseja é tirar da sua conta a responsabilidade do caos em que se encontra a educação. Isto porque ao estabelecer metas cujos critérios o próprio governo sabe inatingíveis, pois muitos fogem da própria alçada dos profissionais nas escolas e da ausência de recursos materiais para atingi-los, o que o governo quer é tachar os professores e funcionários das escolas como verdadeiros responsáveis pelas mazelas da escola pública, não lhes conferir o justo e devido reajuste salarial, e se isentar de qualquer culpa com relação ao estado da educação pública perante a sociedade fluminense.
Rio de Janeiro, 22 de abril de 2011.
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