quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Balanço das negociações dos reajustes salariais do 1º semestre de 2012

Quase a totalidade das negociações analisadas em 2012 conseguiu conquistar aumentos reais nas negociações de data-base



    O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) acompanha, anualmente em todo o Brasil, mais de 700 negociações de reajustes salariais entre sindicatos de trabalhadores e empresas ou entidades sindicais patronais. Com base em tais levantamentos, semestralmente, são divulgados os “Balanços das negociações dos reajustes salariais”.
      No primeiro semestre de 2012, dos 370 reajustes analisados, aproximadamente 97% foram superiores à inflação aferida na data-base conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE)[i]. Apenas 0,5% – o equivalente a dois reajustes salariais – ficou aquém, porém, em percentual muito próximo ao índice, acarretando em perdas de 0,08% para as duas categorias.
      Convém destacar o crescimento da participação dos reajustes acima de 2% maiores que o INPC, que somam 46,5% do total, diante de 26,5% e 20,0% obtidos em 2010 e 2011, respectivamente. Além do avanço elevado dos reajustes entre 2,0% até 3,0%, chama a atenção o crescimento daqueles que superaram o INPC em mais de 4,0%, neste primeiro semestre, em relação a igual período nos quatro anos anteriores (Ver tabela).
       Verificou-se também um crescimento significativo no valor dos ganhos reais incorporados aos salários, observado em todos os setores de atividades econômicas, assim como em todas as regiões geográficas do Brasil. Os reajustes analisados tiveram, em média, ganho real de 2,23% acima do INPC-IBGE. Trata-se do melhor resultado das negociações salariais acompanhadas pelo DIEESE desde 1996, ano de início da série.
Observando os resultados do primeiro semestre de 2012 por setor econômico, nota-se que a Indústria e o Comércio apresentaram percentuais muito semelhantes de reajustes acima da inflação (98%). Outro ponto a ser destacado é que, em ambos os setores, não ocorreram reajustes abaixo da inflação. No setor dos Serviços, a proporção de aumentos reais é levemente inferior (94%), com registro de 1,3% de unidades de negociação com reajustes abaixo da inflação.
       Entre os fatores que podem ser apontados como responsáveis pelo bom desempenho das negociações de 2012 podem ser destacados: a ação sindical na busca por melhores salários para os trabalhadores; a redução do patamar inflacionário; a manutenção do nível de emprego e o aumento real do salário mínimo, que exerce grande influência nas negociações coletivas das categorias com menores rendimentos e pode ter impulsionado o aumento no número de ocorrência de reajustes escalonados, ou seja, diferenciados por faixas salariais – geralmente maiores para salários mais baixos e vice-versa.
       Verifica-se ainda que o fraco desempenho da economia brasileira, expresso na desaceleração do PIB observada desde 2011, não afetou as negociações salariais.
       Por essas razões, é de se esperar que as negociações das categorias profissionais, cujas negociações constituem referências para as demais, como os bancários, metalúrgicos e petroleiros, entre outras, obtenham resultados mais significativos nas negociações dos reajustes salariais do segundo semestre. É preciso destacar também o papel que podem desempenhar as medidas de estímulo ao crescimento econômico, adotadas pelo governo federal, nas negociações em curso e que estão por vir.

Para mais detalhes acesse a publicação completa em:


[i]O INPC expressa a variação mensal do custo de vida das famílias que recebem entre 1 (um) e 5 (cinco) salários mínimos em nove regiões metropolitanas, mais Brasília e o município de Goiânia.

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