sábado, 12 de setembro de 2009

QUERIA DEFENDER MEU DIREITO’

Claudio Ciro Xavier*
Publicado no Jornal O Globo de 10/09/2009, página 26.

O que me faz chorar é que meus parentes, todos funcionários públicos federais, estão me pressionando para deixar o ensino público estadual. Eles têm vários benefícios, plano de saúde, e eu não tenho. Quando estava sendo atendido pelo corpo médico da Alerj, uma funcionária perguntou se eu tinha plano. Quando respondi que não, ela disse com sarcasmo que eu teria que ir para o Souza D’Or.Foi a primeira vez que fui para um hospital público. No Souza Aguiar, fiquei 30 minutos num corredor, sem atendimento. Depois fui atendido, e o médico constatou que havia uma bala de borracha alojada na minha coxa. Na emergência superlotada, ele disse que não podia retirar. Havia risco, por causa das condições do hospital, de eu ter uma infecção. Vou ter que voltar lá em oito dias para retirar.Agora estou em casa, com a perna esticada, saindo sangue e pus, tomando antibióticos, porque estava exercendo meu direito de me manifestar. Estudei em escola pública e ouvia meus professores dizendo que estavam indo lá para defender o nosso direito no futuro. Hoje sou professor de geografia e tenho duas matrículas. Numa, em Resende, gasto metade do que ganho só de condução.A outra é no Instituto de Educação, onde leciono para professoras há quatro anos. No dia da manifestação, cinco delas estavam conosco. Digo a elas que não apoio greve. Não sou baderneiro. Queria defender o meu direito. Agora estou a um passo de deixar o magistério.
* CLAUDIO CIRO XAVIER, de 34 anos, é professor estadual e foi ferido na manifestação

11 comentários:

  1. Nossa, realmente é lastimável como o governo vem tratando o professor. E pelo depoimento do Cláudio vemos como a própria população sofre, não só com a falta de professores, ou a presença de professores insatisfeitos em sala de aula, como também pelas condições da saúde no Estado do Ro de Janeiro. Alguns colegas que trabalham ou no setor privado ou em repartições estaduais acham um absurdo o governo do Estado não nos dar plano de saúde e muito menos vale transporte. É triste ver o descaso que os governos que se sucedem no Estado tratam os funcionários públicos.

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  2. Lastimável. Espero que o Cláudio não abandone a carreira. Nessas horas eu me pergunto: Não podemos contar com o Estado, mas e a solidariedade da categoria? E a estrutura que montamos nesses 30 anos de sindicato estão servindo a quem? O que temos a oferecer aos companheiros que literalmente se feriram, ou tiveram os dias descontados pela greve e passam necessidade? Precisamos de um fundo de greve. Nessas horas o sindicato precisa estar ao lado do associado.

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  3. Vera Nepomuceno Coordenadora-Geral SEPE15 de setembro de 2009 às 12:26

    Lamento que essa resposta não tenha sido dada tão rapidamente, como mereceria, pois infelizmente, aquelas pessoas que garantem as corridas nas escolas, garantem a corrida nos gabinetes dos deputados, garantem os materiais, garantem as atividades e estão acompanhando não só a rede do Estado mas tb a rede municipal do RJ, são aquelas mesmas que estavam garantindo não só atendimento médico no dia do ato, na hora e posteriormente no hospital Souza Aguiar, como são aqueles que estavam hoje c/ os feridos, juntamente c/ o dj do sindicato, p/ garantir a ação contra o governo do Sérgio Cabral.
    Gostaria de afirmar que tenho certeza que o prof. Claudio Ciro não abandonará a carreira, como a militância na educação. Sabe como sei disso....porque como coordenadora geral desse sindicato estive na hora da confusão e à noite no Souza Aguiar, juntamente c/ funcionários do SEPE, que levaram os feridos p/ casa, no carro do SEPE, acompanhando a situação de cada profissional ferido!
    Lamento que justamente, no meio de todos esses ataques do governo Cabral, o prof. Luiz Baltar, se utilize dessa situação p/ lançar uma campanha de desmoralização das organizações dos trabalhadores. Em nenhum momento, o SEPE virou as costas aos trabalhadores. Muito pelo contrário, fomos os primeiros a sair defendendo a educação e seus trabalhadores!Gostaria que o prof. em questão fosse mais honesto!
    Peço mais uma vez desculpas, por não ter respondido imediatamente, mas p/ aqueles que constroem o movimento cotidianamente, falta tempo...pois os ATAQUES CONTRA OS TRABALHADORES SÃO MUITOS, e infelizmente aqueles que tem disposição de mobilizar de verdade a categoria, são poucos!

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  4. Susana Sá Gutierrez(Coordenadora Geral da Reg IV e Coordenadora da Capital)15 de setembro de 2009 às 12:30

    Primeiro é importante informar ao prof Luiz Baltar, que o professor Claudio a quem ele se refere, para nós, militantes de luta do sindicato é o companheiro Ciro, que já foi diretor do SEPE.
    Exatamente por ser um lutador e já ter sido diretor do sindicato, sua postura ao presenciar cenas de violência policial (as quais já vivenciou em outras lutas) foi a de proteger a categoria e tentar evitar uma brutalidade maior. O desabafo de Ciro a imprensa foi a de sensibilizar e denunciar a truculência que os profissionais de educação são submetidos - não só da polícia na terça-feira- mas todos os dias pelas péssimas condições de salário e trabalho as quais somos submetidos.
    A solidariedade da categoria existe, prova disto foi a postura de Ciro e de todos os companheiros lutadores. A solidariedade do SEPE, é também a responsabilidade de como encaminhamos o ocorrido. A estrutura construida em 31 anos foi a de termos diretores, inclusive a coordenadora geral do SEPE Vera Nepomucemo, acompanhando o companheiro no hospital. O exame de corpo delito foi feito e estamos entrando com uma ação judicial .
    Acho que o companheiro Luiz Baltar deveria conhecer mais as ações do SEPE. Caso queira pode me ligar para saber como está MEU AMIGO E COMPANHEIRO CIRO, ou como ele (Luiz Baltar) prefere, professor Claudio.
    De qualquer forma, as medidas médicas e judiciais já foram tomadas pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação. Sindicato de luta, que não se rende aos governos, e por isso organiza, mobiliza e somente com a categoria tem vitórias..
    Quanto ao companheiro Ciro, como todos os imprescindíveis, jamais abandonará a luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade e por uma sociedade socialista.
    Agradeço a solidariedade e preocupação com nosso companheiro.

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  5. Antes de tudo, para ser justo, quando me refiro ao SEPE, não é ao sindicato, mas sim a sua última direção, com isso posso ter cometido injustiça com a direção atual. Tenho críticas a gestão passada, mas tenho confiança que os novos diretores consigam trazer mudanças.

    Prof. Vera, vamos todos ser honestos e não desviar o assunto fazendo ataques, ataques e ataques. Parabéns pelo seu trabalho de mobilização, por sua corrida nas escolas, gabinetes etc. Parabéns pelo seu cuidado com os feridos etc. Todas as felicitações merecidas por estar fazendo O SEU TRABALHO. Parabéns. Muito trabalho e dedicação não tornam ninguém imune aos erros. Humildade e autocrítica são fundamentais para quem está a frente de uma organização. Não é atacando que vc vai calar quem tem críticas, mas sim absorvendo e aprendendo com eles.

    Voltando ao foco do comentário que levantou tanta ira:
    A bala não pôde ser retirada no Souza Aguiar, devido ao risco de infecção pelas condições do Hospital. Ciro foi medicado e orientado a voltar em oito dias. Qual o motivo para sindicato não o transferir para um Hospital particular? Esse questionamento não é só meu, também é de outros professores que postaram na comunidade do orkut. Eles também deveriam ser atacados e acusados de fazer campanha de desmoralização?
    Meu questionamento sobre o fundo de greve ficou sem resposta, eu até imagino qual seriam os motivos para não se ter um fundo de greve, mas se escrever serei chamado de direita, moralista, udenista acusado de atacar o sindicato e ser pago pelo Cabral.

    Sobre o Professor Ciro ele escreve um blog onde registra suas opiniões que respondem por ele.

    "... Não consigo marcar cirurgia para retirar o estilhaço da perna. A única coisa que faço é expressar minha dor em um diário na net. Caso queira visitar, é www.professorciro.blogspot.com "

    Também escreveu na comunidade dos professores.

    "a maior ajuda que posso ter é que, possamos, na próxima organização, estarmos mais juntos ainda. Enquanto eu for professor, vou defender o que faço. A vida não tem graça, quando não se luta com paixão, pelo aquilo em que acreditamos.
    Não espero do SEPE nada. Fui pelo dever de minha própria consciência. Há quadros dentro do SEPE que são tão equivocados, quanto alguns parlamentares que foram eleitos. Entretanto somos um grupo heterogêneo, somos humanos...
    Eu fui e se tiver outra passeata na 3a feira, vou de muletas. Não me arrependo e não me entristeço com professores que não fazem greve. Cada um dá o que tem e eu aprendi a dar a alma naquilo em que acredito ser a verdade."

    "Eu acho que deveríamos nos empenhar mais em lutar por benefícios, como plano de saúde, pois vou lher dizer; Não sei se foi o trauma do Souza Aguiar ou a dor na perna que me assustou mais.
    Quanto a despesas, telefonei hoje para uma diretora sindical e disse que teria que ir neste domingo fazer uma prova no centro do Rio, na SUESC. Eu estou aguardando contato agora. Ao menos, duas amuletas, já consegui com uma amiga.
    Vlw gente... abçs."

    Para reforçar: Nada tenho contra os novos diretores e nem ao SEPE sindicato, mas sua antiga gestão ataca quem faz cobranças e críticas, isso só radicaliza as relações que acabam respingando nos novos diretores que NADA tem com os erros da última gestão.

    Poderia listar diversos fatos aqui e mostra que quem desmoraliza o SEPE não sou eu. Poderia também me calar intimidado, mas não vou fazer nada disso. Quero contribuir para construir um sindicato democrático, inclusive me ofereço novamente para participar do conselho fiscal da regional 4 e ajudar nas reuniões de pauta do informativo.

    Um abraço fraterno
    Baltar

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  6. Marcia Garrido (Coord. Geral - SEPE/Regional IV)15 de setembro de 2009 às 21:53

    Caro Prof. Baltar, inicialmente agradeço pelas contribuições postadas em nosso blog. É bom ver, de novo, a base da categoria participando efetivamente do nosso sindicato. No entanto, vale ressaltar que, às vezes, como somos poucos e o trabalho é muito, acabamos passando erroneamente para os colegas professores a impressão equivocada de que não agimos de forma eficaz. Mas não é bem assim que as coisas acontecem... Temos que dar conta de muitas atividades e, ao contrário do que muitos imaginam, pouquíssimos diretores do SEPE têm licença-sindical (em nossa regional apenas a companheira Vera Nepomuceno, devido ao reconhecido trabalho de dedicação ao sindicato durante todos esses anos, é que possui este tipo de licença). Assim sendo, acumulamos a função de diretor-sindical com todas as outras atividades profissionais e pessoais que já possuímos. Mas as modificações, como você pode perceber, estão acontecendo aos poucos, pois um grupo novo (do qual eu faço parte) está chegando ao sindicato, com muita vontade de colocar a “mão na massa”, com o intuito de somar e acertar, ajudando aqueles diretores que realmente já lutam pela categoria há algum tempo, tornando o sindicato ainda mais justo, mais unido, mais forte e mais próximo às bases!
    Porém, em qualquer lugar há “pessoas e pessoas”, e como a estrutura do SEPE é em forma de colegiado, não podemos (e nem devemos!) julgar todas as ações de uma mesma maneira. No SEPE há sim várias pessoas que trabalham arduamente pela categoria e acabam se sentindo, com toda a razão, injustiçadas com certas idéias que fazem do nosso sindicato. Estas pessoas devem ser tratadas com bastante respeito, pois muito do que conseguimos nestes últimos anos deve-se à luta destas pessoas em favor da Educação.
    Sendo assim, para concluir este assunto, gostaria de informar que o Prof. Cláudio Ciro, assim como os demais feridos, foram devidamente acompanhados por diretores e funcionários do sindicato ao Hospital Souza Aguiar e receberam todo o apoio possível do SEPE, que inclusive entrou com uma ação contra o governo Sérgio Cabral devido ao ocorrido.
    Estamos todos juntos trabalhando com afinco para consertar possíveis erros do passado e para mostrar à base que este sindicato é de todos nós, profissionais de educação!
    Espero ter esclarecido alguns pontos de seu comentário e torço para que este canal, que estabelecemos com a categoria, continue aberto à discussões, dúvidas e contribuições!
    Mais uma vez agradeço por sua participação.

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  7. Marcia,
    Só tenho que agradecer pela sua postura respeitosa e novamente reconhecer o trabalho que vcs estão iniciando.

    Da minha parte estou disposto a apoiar e ajudar no que for possível. Minha intenção é colaborar na reconstrução de um sindicato democrático, transparente e independente. Acredito que muitos professores voltarão a participar quando perceberem as mudanças.

    Reconheço que as vezes cometo excessos e generalizo injustamente colocando todos no mesmo "saco", por isso aceito feliz o seu puxão de orelha.

    Repetindo suas palavras também "torço para que este canal, que estabelecemos com a categoria, continue aberto à discussões, dúvidas e contribuições!" Lutarei por ele por que sei como o debate livre doe aos burocratas e autoritários.

    Abraços fraternos
    Baltar

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  8. Então professor muito dificil ver isso é não ficar indginada, da pra ver não vou dizer pra onde vai mais aonde esta a educação no Brasil muito trsite msm

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  9. Com relação ao fundo de greve sugerido pelo professor Baltar, devemos abrir um foro de discussão. Acho que é uma idéia que poderia ser pensada sim. Para essas emergências que acabam acontecendo em tempos de greve. No entanto, no caso do professor Cláudio, quem deveria estar lhe dando atendimento decente deveria ser o Estado. Se o Souza Aguiar não tem condições de fazer uma cirurgia por condições precárias, que o Estado pague para que este professor tenha todo o atendimento possível já que seu ferimento foi causado pelos policiais do Estado!
    Em caso de greve, muitos profissonais não aderem ao movimento simplesmente porque serão descontados e sofrem muitas críticas por isso. Mas venhamos e convenhamos que mesmo sendo baixissimo o salário, muitos ainda dependem dele, pois se assim não o fosse, com certeza não estariam no Estado. Ser descontado os dias de greve é um ônus que nem todos têm condições de pagar. Não digo exatamente que o fundo de greve solucionaria isso, mas é um caso a pensar. O certo mesmo é o SEPE lutar para que o governador não desconte estes dias por um movimento legal.

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